Alguns estados brasileiros já possuem o nono dígito no celular, como uma forma da Agência Nacional de Telecomunicações, a Anatel, aumentar o número de linhas disponíveis em resposta ao crescimento estrondoso dos dispositivos móveis no país. Agora, a agência vai adotar uma estratégia semelhante nos endereços IPs (Internet Protocol) e tornar o IPv6, protocolo mais recente de comunicação web, o novo padrão dos aparelhos conectados à internet.
Há cerca de dois anos, a quantidade de gadgets conectados à rede no mundo ultrapassou o número de endereços de protocolo. A última versão, o chamado IPv4, não suportava mais a demanda de endereços únicos, o que ocasionava problemas na configuração de modens, lentidão e incompatibilidade de equipamentos conectados à internet. Por isso, houve a necessidade de mudar para o IPv6, uma vez que o padrão permite 340 undecilhões (o equivalente a 36 zeros após o 340) de endereços possíveis a partir do novo protocolo, permitindo que cada habitante do planeta tenha 48×10 elevado a 18ª potência de aparelhos conectados.
“É uma quantidade tão absurda de IPs possíveis, que daria para colocar um endereço em cada grão de areia existente na Terra”, explica o superintendente de Planejamento e Regulamentação da Anatel, José Alexandre Bicalho. “É muito improvável que, algum dia, esse número se esgote”.
A solução para a ampliação dos IPs é semelhante à adotada para aumentar o número de linhas telefônicas, com o acréscimo de um dígito ao prefixo da linha. Só que, no caso da internet, são vários números a mais. Essas mudanças, segundo o superintendente, não devem ser notadas pelos usuários, pois a alteração será aplicada em algumas atualizações de software. “Não é necessário fazer absolutamente nada, até porque essa alteração já vem sendo feita, uma vez que o IPv4 já se esgotou e só funciona por meio de soluções paliativas”, explica.
A Anatel também destaca outras vantagens do IPv6, seja para usuários comuns ou para empresas e governos que trabalham com grandes quantidades de dados. De acordo com a agência, uma das principais mudanças é a obrigação da adoção do IPsec (extensão do protocolo IP cujo objetivo é ser o método padrão para fornecer privacidade ao usuário), que define um conjunto de protocolos e serviços que, combinados, fornecem vários tipos de proteção, incluindo criptografia de dados, autenticação da integridade de uma mensagem para assegurar que ela não é alterada em uma rota, proteção contra certos tipos de ataques de segurança, entre outras.
Outro ponto discutido pela Anatel é que haverá um período de convivência entre os dois protocolos e ainda não está definido quando o IPv4 deixará de ser usado. “A migração será completa, mas provavelmente o IPv4 permanecerá por vários anos convivendo simultaneamente. Falamos em um prazo de quatro anos, mas ele certamente será estendido. As operadoras, inclusive, já solicitaram prazos maiores para localidades com menos usuários, principalmente no interior do país”, disse o superintendente da Anatel.
A agência também vai exigir o endereçamento em IPv6 para novos dispositivos fabricados e vendidos no Brasil. A partir do ano que vem, as empresas terão de se adequar ao novo padrão e obter as certificações técnicas do órgão regulador.
Via canaltech.com.br